segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Menina Comportada





                        Desde pequenas (e por milênios), nós mulheres,  somos educadas para ter um bom comportamento e recalcar todos os sentimentos tidos como “ruins” (inveja, raiva, ciúme...). Desde pequenas somos preparadas para exercer a maternidade, que é o estado mais sublime na vida de uma mulher. E para isto precisamos permanecer puras. Quando esta regra é violada a frase clássica é: “Isto não é comportamento de uma menina”. Mesmo nos tempos atuais, onde a mulher é mais independente e totalmente responsável por suas escolhas, esta mensagem ainda está presente na nossa psique e, mesmo que não acreditemos (e não a aceitemos), ela ainda existe.
            Porém, os sentimentos citados acima fazem parte de todo ser humano. Recalcá-los significa negá-los. Por termos muita sensibilidade, ficamos vulneráveis a eles, e como eles existem, acabam surgindo de uma forma exacerbada e desequilibrada.
            Aos homens, ao contrário, é permitido o acesso a estes sentimentos. Como não são muito emotivos, isto os torna práticos. E nós, que queremos ser iguais a eles, mas não sabemos lidar com estes sentimentos (como eles), somos rotuladas de complicadas. E somos complicadas mesmo! Misturamos, e confundimos um encontro casual com véu, grinalda e filhos!
            O que fazer? Primeiro é preciso reconhecê-los como parte de nós para, posteriormente, aprendermos a controlá-los (se necessário, com uma ajuda profissional). Desta forma trocaremos a frase “posso, mas não devo” pela frase “posso, mas não quero”.
            Nós continuaremos românticas (esta é a nossa essência), porém usando a razão e a emoção na medida certa. Só assim, deixaremos de ser complicadas para nos tornarmos dignas e merecedoras de um amor equilibrado e sadio.

Geisa Machado
Psicanalista
Skype: geisa-machado